Há pouco mais de uma semana em solo francês e já
acumulo emoções que vão de um extremo ao outro. Senti-me plena, mas também
vazia, me alegrei e me entristeci, senti-me corajosa, mas com frio na barriga,
senti uma saudade embaralhada à vontade de aqui ficar... É, em tão breve tempo pude
refletir a respeito da tal solidão que muitos me relataram sentir em terras
estrangeiras. Concluí que até mantemos relações, no entanto, como ainda não há troca
sentimental acabamos sentindo frio por dentro. E para este frio não há roupa
térmica que dê jeito. E ainda que, além das malas trazemos conosco tudo mais que em nosso ser habita. Nada
obstante, faz-se necessário narrar certos acontecimentos. Na língua francesa há
um verbo bastante interessante; “berçar” similar ao que conhecemos no português
por ninar. E, alguns franceses com quem estive “berçaram-me”, o que aqueceu parte
do frio que carrego sob sóis escaldantes. A propósito, os franceses do norte não
atiram farpas conforme ouvimos com tanta frequência. Ao contrário, cumprimentos
e votos de bom dia tornaram-se corriqueiros aos meus ouvidos. Se acaso busco
alguma informação, com atenção e cordialidade recebo respostas além das que
procuro. Mas bom mesmo têm sido fazer as refeições na nova residência. A
cozinha, não há outra mais cosmopolita por essas bandas. Ontem, o café da manhã
foi ao lado de um marroquino. O almoço em companhia de uma irlandesa, por sinal
muito simpática. Já o jantar foi ao lado de um belga. Pode? Mas estou mesmo cativada
é pelos chineses e africanos, eles sabem sorrir com a boca, olhos e o coração. Por
certo, voltarei ao Brasil dona de uma extensa coleção de emoções e preciosas
bagagens, mas em especial aquelas que não serão acomodadas nas malas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário