terça-feira, 9 de abril de 2013

Tudo Sob Controle






Nove de abril, Dia Nacional de Combate à Corrupção no Brasil. Com exceção dos noticiários pouco se viu falar a este respeito. A população permanece caluda e inerte. Estaria assolada pelo desanimo? Pouco acredito. Com grande pesar assisto a consternação de um povo se abreviar à derrota do time de futebol. 

Como justificativa pela instituição de uma data com aparência absolutamente repugnante, nesta terça-feira (9) uma operação de combate à corrupção em pelo menos 12 Estados brasileiros cumpriu mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens, prisão e afastamento das funções públicas.

Entre as irregularidades encontram-se o desvio de dinheiro em órgãos municipais e estaduais, pagamento de propinas, superfaturamento de produtos e serviços, utilização de empresas fantasmas, lavagem de dinheiro, compra de sentenças, sonegação fiscal e enriquecimento ilícito de agentes públicos.

Enquanto o cidadão permanece alienado aos crimes cometidos no meio político, a corrupção alimenta de modo visceral o aumento da desigualdade social e da pobreza. Neste Brasil sem miséria, grande parte da população permanece encarcerada enquanto fiel destinatária de políticas públicas de distribuição de renda e prestação de serviços. Abrigados numa prisão sem muros continuarão a comemorar o pão e as chinelas novas.

A explicita relação entre os níveis de corrupção e a pobreza abona o resultado de uma pesquisa realizada recentemente na América Latina e no Caribe. Os dados apurados dão conta que em cada 100 (cem) pessoas no universo pesquisado, 40 (quarenta) são pobres e 18 (dezoito) são indigentes.

Nada obstante, a corrupção seguirá reproduzindo covardes estatísticas sociais como o resultado do (des)interesse nosso de cada dia pelas causas de importância coletiva e comum. Pretendo calçar esta dura afirmação, a respeito das relações entre o poder público e os cidadãos, sob a ótica de Russell (1975, p. 127): “Os seres humanos acham vantajoso viver em comunidades, mas os seus desejos, contrariamente aos das abelhas na colmeia, permanecem amplamente individuais”.  


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