Nove
de abril, Dia Nacional de Combate à Corrupção no Brasil. Com exceção dos
noticiários pouco se viu falar a este respeito. A população permanece caluda e inerte. Estaria assolada pelo desanimo? Pouco
acredito. Com grande pesar assisto a consternação de um povo se abreviar à derrota
do time de futebol.
Como
justificativa pela instituição de uma data com aparência absolutamente repugnante,
nesta terça-feira (9) uma operação de combate à corrupção em pelo menos 12
Estados brasileiros cumpriu mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens,
prisão e afastamento das funções públicas.
Entre
as irregularidades encontram-se o desvio de dinheiro em órgãos municipais e
estaduais, pagamento de propinas, superfaturamento de produtos e serviços,
utilização de empresas fantasmas, lavagem de dinheiro, compra de sentenças,
sonegação fiscal e enriquecimento ilícito de agentes públicos.
Enquanto
o cidadão permanece alienado aos crimes cometidos no meio político, a corrupção
alimenta de modo visceral o aumento da desigualdade social e da pobreza. Neste
Brasil sem miséria, grande parte da população permanece encarcerada enquanto
fiel destinatária de políticas públicas de distribuição de renda e prestação de serviços. Abrigados
numa prisão sem muros continuarão a comemorar o pão e as chinelas novas.
A
explicita relação entre os níveis de corrupção e a pobreza abona o resultado de
uma pesquisa realizada recentemente na América Latina e no Caribe. Os dados
apurados dão conta que em cada 100 (cem) pessoas no universo pesquisado, 40
(quarenta) são pobres e 18 (dezoito) são indigentes.
Nada obstante, a corrupção seguirá reproduzindo covardes estatísticas sociais como o resultado do
(des)interesse nosso de cada dia pelas causas de importância coletiva e comum. Pretendo
calçar esta dura afirmação, a respeito das relações entre o poder público e os
cidadãos, sob a ótica de Russell (1975, p. 127): “Os seres humanos acham
vantajoso viver em comunidades, mas os seus desejos, contrariamente aos das
abelhas na colmeia, permanecem amplamente individuais”.
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